Seleções Inesquecíveis: O Começo e o Fim da Holanda de 1974 - Parte 1
Por Fábio Laudonio.
A Copa do Mundo de 1974 foi realizada na Alemanha, tendo o país sede como campeão. Foi a 10º edição do torneio, que contou com a participação de 16 países. A Copa, por si só, já é um evento bastante marcante, mas essa edição em especial viu surgir para o mundo uma das melhores seleções da história do futebol : A Holanda, que com o chamado “futebol total” não levou o título, mas encantou o planeta. E é sobre ela que falarei um pouco mais, nessa série de dois capítulos intitulados: O Começo e o Fim da Laranja Mecânica. Boa leitura!
O Começo de tudo
A Europa, desde a mortal Hungria de 1954, parecia sofrer abstinência de seleções que tivessem um futebol que realmente encantasse o mundo (de 1958 em diante, o velho continente só conseguiu arrebatar uma conquista: A Copa de 1966 na Inglaterra, vencida pela seleção anfitriã). De La pra cá, nenhuma seleção européia havia mostrado algo extremamente inovador, capaz de encher os olhos dos torcedores mundo afora.
A Hungria de 1954 ainda era a seleção mais lembrada pelos europeus em termos de futebol arte.
Com o fim da Copa de 70 (vencida brilhantemente pelo Brasil), todos se perguntavam: qual seleção alcançaria o topo na Copa do Mundo de 1974? Candidatos não faltavam.O Brasil, mesmo sem alguns craques como Pelé, Tostão e Carlos Alberto Torres, ainda contava com Jairzinho e Rivelino, o que ainda a tornava uma seleção a ser temida. A Polônia também chamava a atenção por ter ganho as Olimpíadas dois anos antes, e contar com o artilheiro Lato.
Carlos Alberto Torres ergue a taça da Copa de 70 para o Brasil. Quem a venceria em 74?
Porém, a maioria dos expectadores assíduos do futebol apostava que o titulo ficaria entre Holanda e Alemanha. A anfitriã da copa (ainda chamada de Alemanha Ocidental, devido a divisão do país pelo Muro de Berlim) contava com uma base oriunda do Bayern de Munique, e a Holanda, com uma base combinada de dois times: Ajax e Feyenoord (dois grandes rivais). No primeiro desafio entre Ajax e Bayern, uma massacrante vitória do time holandes sobre os alemães. Era uma amostra do que estava por vir...
A Holanda, mesmo contando com uma geração de craques, precisava de um comandante que desse liga ao time. E nada como recrutar ao posto um velho conhecido....
Rinus Michels tinha sido um excelente jogador do Ajax (tendo jogado 257 partidas pelo clube, e marcado 120 gols entre 1946 e 1958). Voltou ao clube como treinador em 1965, conquistando vários títulos. Em 1971 transferiu-se para o Barcelona, Depois de um período no clube Catalão, Michels voltou à Holanda para comandar a seleção nacional.
Rinus Michels tinha sido um excelente jogador do Ajax (tendo jogado 257 partidas pelo clube, e marcado 120 gols entre 1946 e 1958). Voltou ao clube como treinador em 1965, conquistando vários títulos. Em 1971 transferiu-se para o Barcelona, Depois de um período no clube Catalão, Michels voltou à Holanda para comandar a seleção nacional.
Rinus Michels
Michels idealizava um jogo bonito, eloqüente, e deveras vistoso. Para ele, futebol era uma guerra, e o time tinha que se comportar em campo como um exército, com várias frentes de ataque e defesa. Foi pensando nessa estratégia que Michels criaria o que ficou conhecido como “Futebol Total” com a linha de impedimento.
O “Futebol Total” consiste na exclusão de um posicionamento específico para cada atleta, ou seja, todos atacam e todos defendem. A idéia conseguiria ser muito bem implementada também, devido à alta inteligência e técnica dos jogadores que Michels tinha em mãos.
Um esboço do "Futebol Total". Notem as linhas que mostram o avanço ao ataque dos defensores Krol e Suurbier.
O cérebro da seleção era o camisa 14, o genial Cruyff. Ele já era um ídolo na Holanda, ao comandar o Ajax em várias conquistas. O craque aliava técnica, posicionamento, velocidade e visão de jogo. Um jogador completo, que teria a companhia de outros craques como Neeskens, Krol, Suburbier e Resenbrink. O cenário não podia ser mais favorável.
Johan Cruyff, o cérebro Holandes.
Alguns observadores, incrédulos pela maneira holandesa de jogar durante as eliminatórias européias, com quatro, cinco, seis jogadores correndo atrás da bola e indo pra cima do mesmo atleta adversário, consideravam aquele modo de competir uma verdadeira pelada de recreio. Porém, como Cruyff costumava dizer, toda aquela desorganização era milimetricamente ensaiada. E as partidas daquela Copa provariam isso...
Vídeo que mostra algumas das táticas utilizadas pela Holanda para supreender seus adversários.
Começa a Copa
Cartaz Promocional da Copa de 1974.
A Copa de 74 teve um regulamento um pouco diferente. As 16 seleções se enfrentariam, na primeira fase, em grupos com quatro seleções cada. As duas melhores de cada grupo formariam outros dois grupos, com quatro times cada. O melhor de cada um dos grupos disputaria à final.
A Bola da Copa. Existiu tambem uma versão sem os gomos pretos, utilizada no jogo Brasil X Holanda.
A Holanda caiu na primeira fase num grupo de dificuldade mediana, com o Uruguai bi campeão do mundo, a sempre perigosa Suécia, e a Bulgária de coadjuvante. O primeiro embate da Laranja Mecânica seria contra a seleção do Uruguai.
Os 11 titulares da Holanda eram: Jongbloed, Suurbier, Haan, Rijsbergen e Krol; Jansen, Van Hanegen e Neeskens: Rep, Cruyff e Resenbrink.
Os holandeses não tiveram muitas dificuldades para derrotarem o rival. Rep marcou os dois gols do jogo, e selou a vitória por 2 a 0. Nesse jogo, o “Futebol Total”, que já encantava a Europa, foi mostrado ao mundo, em lances mágicos (como o sufoco que os holandeses davam no campo de defesa uruguaia, deixando os sul americanos acuados em sua própria defesa). O mundo estava de boca aberta. Mal sabiam eles que muito mais ainda estava por vir...
URUGUAI 0 x 2 HOLANDA
15 de junho, 1974 - 16:00h
Hannover, Niedersachsenstadion
Público: 53,700
Árbitro: Palotai (Hungria)
Gols: Rep 6′, 85′
HOLANDA: Jongbloed, Suurbier, Haan, Rijsbergen e Krol; Jansen, Van Hanegen e Neeskens: Rep, Cruyff e Resenbrink.
URUGUAI: Mazurkiewicz, Forlan, Jáuregui, Masnik e Pavoni; Montero Castillo, Espárrago e Pedro Rocha; Cubilla (Millar), Morena e Mantegazza.
15 de junho, 1974 - 16:00h
Hannover, Niedersachsenstadion
Público: 53,700
Árbitro: Palotai (Hungria)
Gols: Rep 6′, 85′
HOLANDA: Jongbloed, Suurbier, Haan, Rijsbergen e Krol; Jansen, Van Hanegen e Neeskens: Rep, Cruyff e Resenbrink.
URUGUAI: Mazurkiewicz, Forlan, Jáuregui, Masnik e Pavoni; Montero Castillo, Espárrago e Pedro Rocha; Cubilla (Millar), Morena e Mantegazza.
Continua.....
2 comentários:
Linda matéria, muito bem elaborada !!!!
16 de abril de 2010 às 22:18M. Lucia
Cadê a parte 2 ???
21 de abril de 2010 às 10:56Postar um comentário