sábado, 10 de abril de 2010

São Paulo contra a Tríplice Aliança





Por Fábio Laudonio.
Os bons conhecedores de história sabem na ponta da língua o que foi a Tríplice Aliança, mas para os mais desavisados, segue a explicação: A Tríplice Aliança foi um acordo militar feito entre Itália, Alemanha e Áustria – Hungria durante a Primeira Guerra Mundial. Nesse acordo, os países se propunham a proteger uns aos outros, no caso de possíveis invasões (principalmente do Reino Unido, que era o principal inimigo dessa união).
Para o torcedor comum, o futebol é uma guerra (porém sadia, sem violência). Nenhum torcedor aceita perder para os rivais, nem em jogo de botão. No caso especifico do Paulistão, o amante do esporte jamais admitirá uma eliminação para cada um de seus rivais durante três anos consecutivos. E é isso o que pode ocorrer com o Tricolor, caso sucumba diante do Santos pelas semifinais do Paulistão 2010.
Em 2008, o São Paulo fez uma campanha irregular no Paulistão, alternando entre altos e baixos. A vinda de Adriano do futebol Italiano acabou reforçando o time, que conquistou a terceira colocação do torneio na primeira fase. Campeonato esse que teve várias surpresas, como a classificação do surpreendente Guaratinguetá na primeira colocação com 40 pontos (mesmo número de pontos do segundo colocado Palmeiras, porém com uma vitória a mais, o que lhe garantiu a primeira colocação geral).
Semifinais definidas: Guaratinguetá e Ponte preta em uma semifinal, e Palmeiras e São Paulo na outra, com Guaratinguetá e Palmeiras jogando com as vantagens do regulamento por terem tido melhor colocação que seus adversários (vantagem que consiste em jogar por dois resultados iguais, e decidir a classificação em seu estádio).
No jogo do interior, uma grande surpresa: O Guaratinguetá, sensação do campeonato, acabou sucumbindo diante da atrevida Ponte Preta, que contava com a muralha Aranha no gol (hoje jogador do Atlético Mineiro). Já na outra semifinal, todos aguardavam ansiosos pelo clássico protagonizado pelas duas melhores equipes do futebol paulista até então.
O Palmeiras contava com um elenco muito forte (formado graças aos investimentos da Traffic) e um banco tecnicamente melhor do que o tricolor. Além, é claro, de ter ganhado do time do Morumbi na primeira fase por humilhantes 4 a 1. Já o São Paulo contava com a força de sua base (oriunda dos títulos brasileiros de 2006 e 2007), e com o talento decisivo de Adriano na frente, que acabaria por se tornar um problema, pois todas as jogadas do time pareciam perseguir quase que por instinto o Imperador, deixando a equipe muito dependente de seu centro avante.
O primeiro jogo das semifinais entre as duas equipes foi tenso, como todos os clássicos são. Adriano marcou o primeiro do tricolor, após cobrança de falta (um gol que gerou polêmica, pois foi feito com a mão, e validado pelo juiz). No segundo tempo, Adriano novamente marcou o segundo gol do tricolor. Alex Mineiro, em cobrança de pênalti, descontou para o Palmeiras. Final de jogo: São Paulo 2 X 1 Palmeiras, uma vantagem pequena para quem iria jogar o próximo jogo na casa do adversário, e contra o regulamento....

Lances do primeiro jogo das semifinais: São Paulo 2 X 1 Palmeiras





Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP) à 16 horas
REnda: R$ 1.192.325,00 Público: 37.203 pagantes
Árbitro: Paulo César de Oliveira (Fifa-SP);
Assistentes: Márcio Luiz Augusto e Maria Eliza Correia Barbosa (SP)
C. amarelos: Richarlyson, Pierre, Valdívia, Dagoberto, Zé Luis e Miranda
Gols: Adriano, aos 11min do 1° tempo; Adriano, aos 02min e Alex Mineiro, aos 31min do 2° tempo.

SÃO PAULO: Rogério Ceni; Alex Silva, André Dias e Miranda; Joilson, Hernanes, Richarlyson, Zé Luis e Jorge Wagner; Dagoberto (Hugo) e Adriano Técnico: Muricy Ramalho

PALMEIRAS: Marcos; Élder Granja (Lenny), Gustavo, Henrique e Leandro; Pierre (Martinez), Léo Lima, Diego Souza e Valdívia; Kléber (Denílson) e Alex Mineiro. Técnico: Wanderley Luxemburgo
Adriano comemora um dos gols no primeiro jogo das semifinais contra o Palmeiras.



O segundo jogo das semifinais ocorreu no Palestra Itália, onde o Palmeiras contava com o apoio de seu torcedor para fazer o mínimo: Ganhar por 1 a 0 e, graças ao regulamento que o beneficiava por ter tido melhor campanha, avançar as finais. O primeiro tempo foi de amplo domínio Alvi Verde, com o Tricolor tendo poucas chances de marcar, e Adriano em um dia nada inspirado. O Palmeiras pressionava. Até que Léo Lima, num chute despretensioso do meio da rua, contou com a falha de Rogério Ceni e abriu o placar: Palmeiras 1 X 0 São Paulo.
A Adriano dependência do Tricolor começava a ficar cada vez mais visível. No segundo tempo, o time parecia perdido, e não esboçava reação diante de um adversário que, empurrado por sua torcida, esperava meticulosamente o momento de dar o bote. E esse golpe fatal ocorreu no fim do jogo, com a partida praticamente ganha: Valdivia , após boa arrancada de Wendel, marca um golaço e sai fazendo com os braços o gesto de “acabou seu juiz”. E acabara mesmo.Final de jogo: Palmeiras 2 X 1 São Paulo. Verdão classificado a final (sagrando-se campeão, depois de uma final facílima contra a Ponte Preta). Ao Tricolor, restou juntar os cacos para a disputa da Libertadores ( que também não viria ), e do Brasileiro ( conquistado depois de um segundo turno de pura superação). Era a primeira eliminação para um dos rivais da capital...

Lances do segundo jogo das semifinais: Palmeiras 2 X 0 São Paulo





Local: Palestra Itália, em São Paulo, à 16 horas
Árbitro: Wilson Luiz Seneme (Fifa-SP)
Auxiliares: Emerson Augusto de Carvalho e Vicente Romano Neto, ambos de São Paulo
Renda: R$ 1.144.355,00 - Público: 27.680 pagantes
Cartões amarelos: Élder Granja, Valdívia, Dagoberto, Fábio Santos, Jorge Wagner e Rogério Ceni
Cartão vermelho: Martinez (Palmeiras), André Dias (São Paulo)
GOLS: Léo Lima, aos 22min do 1° tempo, Valdívia, aos 39 min do 2° tempo.

PALMEIRAS: Marcos; Élder Granja, Gustavo, Henrique e Leandro; Martinez, Léo Lima, Diego Souza (Wendel) e Valdívia; Kléber (Denílson) e Alex Mineiro (Lenny). Técnico: Wanderley Luxemburgo

SÃO PAULO: Rogério Ceni; Alex Silva, André Dias e Miranda; Joílson (Sérgio Mota), Hernanes, Fábio Santos, Jorge Wagner e Júnior (Hugo); Dagoberto (Borges) e Adriano. Técnico: Muricy Ramalho

Valdivia faz o gesto de "acabou" após comemorar o seu gol.




Chegamos agora ao Campeonato Paulista de 2009. O Tricolor fez uma campanha primorosa na primeira fase (classificando-se em segundo lugar, com 40 pontos ganhos). Atrás apenas do Palmeiras, que mesmo sem Valdivia e alguns outros jogadores do ano anterior, estava voando em campo. Pela primeira vez, depois de muito tempo, os quatro grandes se classificavam as semifinais (Palmeiras em primeiro, São Paulo em segundo, Corinthians em terceiro, e Santos em quarto.).
Os jogos estavam decididos: Palmeiras e Santos, São Paulo e Corinthians. Dessa vez, Palmeiras e São Paulo jogariam com a vantagem de decidirem os jogos em casa, e avançarem por dois resultados iguais.
O Corinthians vinha de um momento de restauração de identidade, perdida com o rebaixamento no Campeonato Brasileiro de 2007. A equipe de 2009 contava com talentos oriundos do time que subiu o clube novamente a série A em 2008, mas com um ingrediente especial e mortal: Ronaldo. Desacreditado, taxado de velho, acabado e acima do peso, o Fenômeno chegara ao Timão disposto a provar que ainda era o mesmo de sempre. Além é claro do retrospecto no campeonato: Mesmo tendo se classificado em terceiro, o alvi negro era o único dos grandes que chegava às semifinais de maneira invicta.
O São Paulo contava com a base do time campeão Brasileiro de 2008. Porém, durante essas semifinais, o Tricolor teria vários problemas extra campo, que prejudicariam e muito o time na batalha contra o Alvi Negro do Parque São Jorge. Além do Tabu de não vencer o rival desde 2007. Na primeira fase, os dois times empataram por 1 a 1 no Morumbi, gols de Borges e André Santos.
No primeiro jogo das semifinais, realizado no Pacaembu, um jogo muito nervoso e lotado de polêmicas. Miranda abriu o placar, num lance onde não faltaram reclamações, afinal, muitos consideraram que o zagueiro tricolor estaria impedido no momento do gol. Mas o Corinthians não estava disposto a vender a derrota em sua casa tão facilmente: Elias, 4 minutos depois do gol do São Paulo, deixaria tudo igual para o Timão. Um primeiro tempo que terminou de maneira eletrizante.
No segundo tempo, o tricolor teve uma grande perda: André Dias é expulso, e o time teria que jogar com 10 jogadores boa parte do segundo tempo. O Tricolor foi bravo, valente, e conseguia anular o Corinthians que, com um atleta a mais, e empurrado por sua torcida, tentava a virada de todas as formas, o que reverteria à vantagem de jogar pelo empate para si no jogo da volta.
De tanto pressionar, o Corinthians conseguiu a virada no fim (coisa que, depois da eliminação para o Fluminense na Libertadores de 2008 no último minuto, parecia estar se tornando uma sina ao tricolor: Levar gols nos acréscimos ). Cristian chuta de fora da área, a bola vai no ângulo, sem chances para Rogério Ceni. O volante Corintiano apimenta o clássico, ao fazer o símbolo da torcida tricolor com os dedos do meio em riste como comemoração pelo tento. Final de jogo: Corinthians 2 X 1 São Paulo. Seria à hora de blindar o elenco para uma reação no jogo do Morumbi.

Lances do primeiro jogo das semifinais: Corinthians 2 X 1 São Paulo










Local: Estádio do Pacaembu, em São Paulo (SP)
Árbitro: Salvio Spinola Fagundes Filho (Fifa)
Auxiliares:Vicente Romano Neto e Giovani Cesar Canzian
Público: 31.751 total (30.838 pagantes)
Renda: R$ 1.109.811,50
Cartões amarelos: Ronaldo (C), Dentinho (C), William (C); Rodrigo (SP), André Dias (SP), Miranda (SP), Borges (SP)
Cartão vermelho: André Dias (SP)
Gols: Miranda (SP), aos 24min, Elias (C), aos 28min do primeiro tempo; Cristian, aos 48min do segundo tempo
CORINTHIANS: Felipe; Alessandro, Chicão, William e André Santos; Cristian, Elias (Souza) e Douglas; Jorge Henrique, Dentinho e Ronaldo
Técnico: Mano Menezes

SÃO PAULO: Rogério Ceni; André Dias, Rodrigo e Miranda; Arouca (Joílson, depois Renato Silva), Jean, Hernanes, Jorge Wagner e Junior Cesar; Borges e Washington (Dagoberto)
Técnico: Muricy Ramalho

Cristian e o polêmico gesto feito em direção a torcida tricolor.



Porém, o tricolor ganhou um grande problema para o segundo jogo: Durante um rachão, o ídolo Rogério Ceni se machuca gravemente, tendo que ficar de fora da partida decisiva no Morumbi. Tudo parecia conspirar contra o São Paulo, que agora precisaria de muita superação para encarar o embalado Corinthians.

Rogério Ceni no momento da contusão.



O segundo jogo começa no Morumbi, com o tricolor tendo que partir para o ataque, para descontar o prejuízo do jogo anterior. Cabia ao Corinthians esperar pelo momento certo para acabar de vez com a esperança do rival. O São Paulo tentava chegar ao gol, mas pecava nas finalizações. E de tanto errar, acabou levando: Logo no começo do segundo tempo, Douglas e Ronaldo marcaram, e afundaram as esperanças do tricolor de avançar as finais. Fim de jogo: São Paulo 0 X 2 Corinthians. O Timão avança as finais (Onde seria campeão invicto em cima do Santos, que surpreendeu o favorito Palmeiras na outra semifinal). O Tricolor perdia outro mata mata para um rival, e de quebra, amargaria 1 ano muito difícil, com troca de técnico e falta de títulos.


Lances do segundo jogo das semifinais: São Paulo 0 X 2 Corinthians





Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Árbitro: Wilson Luiz Seneme
Auxiliares: Emerson Augusto de Carvalho e Everson Luiz Luquesi Soares
Público: 45.884 (45.710 pagantes)
Cartões amarelos: Rodrigo (SP), Washington (SP), Dagoberto (SP); André Santos (C), Cristian (C), Dentinho (C)
Cartão vermelho: Rodrigo (SP)
Gol: Douglas, aos 10min, e Ronaldo, aos 13min do segundo tempo
SÃO PAULO: Bosco; Rodrigo, Miranda, Renato Silva e Junior Cesar; Jean, Hernanes e Jorge Wagner; Dagoberto (Wellington), Borges e Washington
Técnico: Muricy Ramalho

CORINTHIANS: Felipe; Alessandro, William, Chicão e André Santos (Diego); Cristian, Elias e Douglas; Jorge Henrique, Dentinho (Morais) e Ronaldo (Boquita)
Técnico: Mano Menezes
Ronaldo comemora seu gol de forma provocativa.



Finalmente, o campeonato Paulista de 2010. O tricolor classifica-se na bacia das almas, conquistando a vaga na última rodada, após uma bela vitória por 3 a 1 sobre o competentíssimo Santo André do técnico Sérgio Soares. O tricolor, agora comandado por Ricardo Gomes (que assumiu o time em 2009, depois de mais uma eliminação na Libertadores) parece que começou a dar liga. Mas, as pífias atuações do time no começo do ano, aliadas ao fato de ter perdido todos os clássicos para os rivais ( 2 X 1 para o Santos em Barueri, 2 X 0 para o Palmeiras no Palestra Itália, e 4 X 3 para o Corinthians no Pacaembu ) ainda deixam o torcedor com a pulga atrás da orelha.
O adversário do tricolor nessa semifinal é o time que é considerado por muitos a sensação do futebol brasileiro: O Santos. Com uma campanha avassaladora (47 pontos marcados, 10 a mais do que o tricolor, 61 gols marcados) o Peixe parece nadar de braçada rumo ao título. Com atacantes infernais como o jovem Neymar, Robinho (que retornou ao futebol brasileiro, depois de uma temporada fracassada na Europa), André, o artilheiro do time, e um meio campo de técnica diferenciada chamado Paulo Henrique Ganso, o Santos entra nas semifinais como favorito por jogar com o regulamento e decidir a sua sorte na competição dentro da Vila Belmiro. No primeiro San-São do ano, o Peixe venceu em um jogo recheado de polêmicas, como a paradinha na cobrança de pênalti de Neymar em Rogério Ceni, e o gol de letra de Robinho.

Lances do clássico do primeiro turno do Paulistão 2010: São Paulo 1 X 2 Santos






Local: Arena Barueri, em Barueri (SP)
Árbitro: Marcelo Rogério (SP)
Auxiliares: Vicente Romano Neto (SP) e Daivid Botelho Barbosa (SP)
Público: 14.519 pagantes
Renda: R$ 444.688,75
Cartões amarelos: Hernanes, Miranda, Xandão (SP); Edu Dracena, Wesley, Zé Eduardo (SAN)
Gols: Neymar, aos 38min do primeiro tempo; Roger, aos 21min, e Robinho, aos 40min do segundo tempo
SÃO PAULO: Rogério Ceni; Renato Silva, Xandão e Miranda; Jean, Richarlyson, Hernanes, Marcelinho Paraíba (Léo Lima) e Jorge Wagner; Dagoberto (Roger) e Washington (Cléber Santana)
Técnico: Ricardo Gomes
SANTOS: Felipe; Wesley, Edu Dracena, Durval e Léo; Rodrigo Mancha, Arouca, Marquinhos (Zé Eduardo) e Paulo Henrique Ganso; Neymar (Germano) e André (Robinho)
Técnico: Dorival Júnior



Robinho comemora seu gol com Neymar. O gol de letra foi o primeiro do craque no retorno ao Santos.



A outra semifinal, assim como em 2008, será disputada por dois times considerados pequenos: Grêmio Barueri e Santo André, que fizeram campanhas melhores do que o Trio de Ferro, e merecem estar onde estão. A sorte está lançada, o primeiro confronto das semifinais entre São Paulo e Santos acontecerá no dia 11 de Abril, no Morumbi. Resta saber: O Santos confirmará seu favoritismo? Ou o tricolor continuará a mostrar o bom futebol das duas últimas partidas e derrotará a sensação do campeonato? Tudo que o torcedor tricolor mais espera, é que a Tríplice eliminação para os rivais não passe de um longínquo pesadelo...









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